Castanha

27 agosto 2005

É mulher

Maria, Maria

Maria, Maria, é um dom, uma certa magia
Uma força que nos alerta
Uma mulher que merece viver e amar
Como outra qualquer do planeta
Maria, Maria, é o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que ri quando deve chorar
E não vive, apenas aguenta
Mas é preciso ter força, é preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria, mistura a dor e a alegria
Mas é preciso ter manha, é preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania de ter fé na vida
Milton Nascimento e Fernando Brant

3 Comments:

  • At 2:18 da manhã, agosto 27, 2005, Anonymous Anónimo said…

    ...
    O meu olhar é nítido como um girassol.
    Tenho o costume de andar pelas estradas
    Olhando para a direita e para a esquerda,
    E de, vez em quando olhando para trás...
    E o que vejo a cada momento
    É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
    E eu sei dar por isso muito bem...
    Sei ter o pasmo essencial
    Que tem uma criança se, ao nascer,
    Reparasse que nascera deveras...
    Sinto-me nascido a cada momento
    Para a eterna novidade do Mundo...
    Creio no mundo como num malmequer,
    Porque o vejo. Mas não penso nele
    Porque pensar é não compreender ...

    O Mundo não se fez para pensarmos nele
    (Pensar é estar doente dos olhos)
    Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

    Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
    Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
    Mas porque a amo, e amo-a por isso,
    Porque quem ama nunca sabe o que ama
    Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
    Amar é a eterna inocência,
    E a única inocência não pensar...





    Alberto Caeiro, O meu Olhar

     
  • At 2:21 da manhã, agosto 27, 2005, Anonymous Anónimo said…

    ...
    O meu olhar é nítido como um girassol.
    Tenho o costume de andar pelas estradas
    Olhando para a direita e para a esquerda,
    E de, vez em quando olhando para trás...
    E o que vejo a cada momento
    É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
    E eu sei dar por isso muito bem...
    Sei ter o pasmo essencial
    Que tem uma criança se, ao nascer,
    Reparasse que nascera deveras...
    Sinto-me nascido a cada momento
    Para a eterna novidade do Mundo...
    Creio no mundo como num malmequer,
    Porque o vejo. Mas não penso nele
    Porque pensar é não compreender ...

    O Mundo não se fez para pensarmos nele
    (Pensar é estar doente dos olhos)
    Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

    Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
    Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
    Mas porque a amo, e amo-a por isso,
    Porque quem ama nunca sabe o que ama
    Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
    Amar é a eterna inocência,
    E a única inocência não pensar...





    Alberto Caeiro, O meu Olhar

     
  • At 9:56 da manhã, agosto 27, 2005, Blogger SalsolaKali said…

    (...)
    Pois de tudo fica um pouco.
    Fica um pouco de teu queixo
    no queixo de tua filha.
    De teu áspero silêncio
    um pouco ficou, um pouco
    nos muros zangados,
    nas folhas, mudas, que sobem.

    Ficou um pouco de tudo
    no pires de porcelana,
    dragão partido, flor branca,
    ficou um pouco
    de ruga na vossa testa,
    retrato.

    (...)
    E de tudo fica um pouco.
    Oh abre os vidros de loção
    e abafa
    o insuportável mau cheiro da memória.

    Carlos Drummond de Andrade


    É preciso ter sonho, sempre, e possuir a estranha mania de ter fé na vida, e por vezes ser diferente de Maria. Chorar quando se quer chorar, e viver em vez de aguentar, apagar as marcas do corpo, aquelas que abrem em chagas e teimam em não fechar.
    Mas é-se como Maria, uma mistura de dor e alegria, que merece viver e amar, como qualquer outra do planeta.
    É preciso acreditar.
    …e já agora, acho muito bonitas as últimas palavras do poema do comentário acima.
    Assino por baixo.

    “Mas porque a amo, e amo-a por isso,
    Porque quem ama nunca sabe o que ama
    Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
    Amar é a eterna inocência,
    E a única inocência [é] não pensar...”
    BJ SK

     

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