Castanha

06 junho 2005

Chadoudoux

Pesquizando à volta do tema da Inteligência Emocional, encontrei esta História...para reflectir...
«Num país distante, as pessoas vivem felizes. Usam, preso à cintura, um saco de bolinhas aveludadas chamadas chaudoudoux, porque são quentes e macias. Cada vez que uma pessoa quer um chaudoudoux, pede-o. O outro mete a mão no saco e dá-lho. Metáforas dos sinais de atenção que trocamos e que nos enchem de bem-estar, os chadoudoux são inesgotáveis. Tudo isto não agrada à feiticeira má que assim não consegue vender as suas pílulas nem os seus filtros! Ela decide provocar a sua penúria sussurrando ao ouvido de um aldeão a ideia de que os chaudoudoux podem vir a faltar. “ Se a tua mulher dá os seus chaudoudoux a qualquer pessoa, já não haverá mais para ti. “ Ciúme, dúvida, suspeição instalam-se. O marido começa a vigiar a mulher, que controla os filhos... Rapidamente, toda a terra é atingida. As pessoas hesitam em trocar os chaudoudoux. Na sua falta, ficam cada vez mais tristes e rabugentas, adoecem, desanimam e morrem. A feiticeira vende os seus filtros com afinco, mas nada feito. Como ela não quer perder toda a clientela a favor do cemitério, inventa um processo. Oferece aos aldeãos sacos frio-picante. São bolas pequeninas que se parecem vagamente com os chaudoudoux, mas quando as recebem sentem-se frios e com dores. As pessoas começam a trocar entre si os frios – picantes... Já não morrem, mas consomem com abundância as pílulas e os filtros da feiticeira. (...) Aparece Julie Doudou. É uma mulher calorosa e bela que sabe falar às crianças e que nunca ouviu falar da penúria dos chaudoudoux. Dá-os prodigamente a todos sob o olhar dos aldeãos estupefactos. Sorri muito, as pessoas sentem-se bem com ela, dá mimos às crianças, que a adoram. E recomeçam a trocar chaudoudoux sem motivo e sem esforço, por prazer. Ao verem isto, os adultos desconfiados começam e fazer regras e leis para regulamentar as trocas dos chaudoudoux..
(...) Qual será o futuro?»

in A Inteligência do Coração. Rudimentos de Gramática Emocional. FILLIOZAT, Isabelle. (1997) Ed. Pergaminho. Lisboa.

1 Comments:

  • At 12:43 da tarde, junho 08, 2005, Blogger SalsolaKali said…

    O resto da história depende do que fizermos dela, cada um de nós, cada um deles, sendo que cada um deles fará de acordo com aquilo em que acreditar.
    Eu acredito no amor, no dar. Nunca será demais dar… e receber.
    Quanto à regras… bom, eu não acredito que se possa regulamentar o amor, mas sou eu.
    Haverá sempre alguém a querer fazê-lo, talvez porque não o compreende.
    Talvez alguém tenha de explicar o que é o amor.
    O amor nas suas múltiplas expressões.
    BJ GR
    SK

     

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