Castanha

27 junho 2005

Lembrei-me desta música ao ler um post soberbo da Assumida Mente. Como cá no "castanheiro" ainda não há "grafonola"... transcrevo a letra...

Eu dou um salto até lá

Se quiseres
Não há medo nem perigo é só paixão
Pois não há nada que destrua a sensação
De acreditar que o nosso dia vai chegar
Se fizeres
O que manda essa voz que há em ti
Que é o instinto que ainda vive em ti
Vais ser feliz pois só quem ama tem razão

Vem ver a outra cor do mar
Como se fosse algo novo
Vem porque ainda
Há muita história p’ra contar

Já sinto um cheiro a esperança meu amor
E já se pode acreditar
Que quem tem fé nunca se cansa
Não vive só da lembrança
Nem se deixa enganar

Escreve o seu futuro
Nos cadernos dos poetas
E nas telas dos pintores
Se desenham os actores
Nas mais loucas fantasias

Há um sistema solar
Nas paredes do meu quarto

Às vezes quando estou farto
Eu dou um salto até lá

Letra: Fernando Girão
Interprete: Lara Li
CD: Consequências

23 junho 2005


Há cores e sabores de que gosto...

22 junho 2005

Missa campal


Missa campal...
A Aldeia é pequena... a capela minuscula... impõe-se uma missa campal... logo ali, no adro, com exposição dos andores e... delícia das delícias nem os "nossos melhores amigos" faltam.
Dado que o Padre aproveitou para enviar "recados" aos paroquianos para o ano inteiro, este "rafeiro" atreveu-se a fazer o que muitos queriam... tirou uma soneca...

Foto da mesma Aldeia em dia de Festa do Padroeiro: Santo António.
E a banda toca acompanhando os sons das desafinadas cantorias das almas tementes a Deus!
A festa anima-se já a seguir, com a distribuição dos músicos pelas casas dos paroquianos para um almoço longo, farto, bem regado de bom tinto... Haja fé!

Foto tirada na Aldeia onde os castanheiros predominam....

No meio das casas em ruínas aparecem imagens assim....
E, eu, gosto de amarelo!

16 junho 2005

Desabafo...

Há dias danados como cães raivosos…não que os cães, ou os dias tenham culpa… não se trata de culpa…aliás detesto o conceito de culpa…
Mas hoje…
Começo o dia com a campainha… o Carteiro (que não tocou 2 vezes mas sim muitas…acompanhado do ladrar dos cães…) entrega-me uma carta registada. Mau…penso… cartas registadas são sempre mau sinal – claro que há as excepções, mas só mesmo para confirmar a regra. Esta é péssima. Socorro! Então não é que por uma infracção cometida em Março de 2004 apanho com 120 dias (4 MESES!!!) de inibição de conduzir? Muito terapêutico… 1 ano e 3 meses depois sou castigada! Toma lá! Apanhada por uma brigada que estava escondida, fora da auto-estrada numa estrada de terra batida… numa típica e infeliz política de “caça à multa”…Claro que fiquei com imensa vontade de me corrigir e não voltar a andar em excesso de velocidade… Claro que sim!... Até porque me sobra o tempo e gosto de passear na estrada…
Como é meu hábito nestas coisas, após um chorrilho de palavrões, em que utilizei todos os que conheço – e conheço muitos – fiz-me à vida!
Saio de casa e toma lá… carro em cima do passeio…uma multa de estacionamento…lindo não é? Permitem a construção desenfreada, não obrigam à edificação de estacionamentos…p’ra quê? Onde iam buscar dinheiro depois??? Mais uns palavrões… o mau feitio a vir à superfície… a carta de protesto contra a falta de policiamento nas questões essenciais escrita na cabeça, acusando a PSP daquilo que é um facto… vêm os carros mal estacionados, mas nós não os vemos em policiamento nocturno… aqui só se apanham multas entre as 10 e as 12 h, o resto do dia não existe...
Ainda estou zangada… estou mesmo!

15 junho 2005

Referências

Penso em ti Pai!
Muito…
Sobram-me os motivos…
Mas hoje, agora mesmo, vendo imagens na TV do Funeral do teu Camarada Álvaro Cunhal, aquela lágrima teimosa rolou!
Sinto-me ainda mais órfã…
Agradeci-lhe, ao Camarada, algumas das memórias que tenho de ti, com um sorriso na boca e no olhar, em dias de luta "pela paz, o pão, liberdade, democracia..."
Sempre o contestei…porque contestando-o também te contestava a ti…
...e, hoje…
...agora…
...tenho saudades vossas!...

14 junho 2005

«Cada encontro pode ser metido numa escala que vai de emocionalmente tóxico a acalentador.» (Daniel Goleman)


Desde hoje cedo que me povoa uma dor miudinha típica das perdas!...
Em apenas 2 dias foram 3 Homens, 3 referências que se libertaram dos corpos que lhe davam a consistência física…deixaram o legado das sua obras, dos seus feitos, dos seus exemplos de singularidade e honestidade, coragem, determinação inabalável, fé na crença dos seus princípios e valores humanos.
Já escasseiam estes Homens. Já temos dificuldade de produzir grupos consistentes de gente capaz de nos fazer pensar e repensar… Sou péssima em despedidas. Mas ao Vasco Gonçalves, ao Álvaro Cunhal e ao Eugénio de Andrade mando o meu Até Logo o meu Até Sempre e o meu Bem Haja … com profunda mágoa!...

Novos residentes

A população residente na minha casa aumentou! Temos agora mais 6 deliciosos gatinhos nascidos a 12 de Junho… A gata mãe, dedicada e atenta, não gosta que lhe tire fotografias…e segurá-los na minha mão tem data imprevista, pois, a minha gata é como a dona…gata escaldada. Assim aguardo que a mãe faça as apresentações a preceito, dando-lhe a liberdade de decidir se eu sou de “confiança” para tomar conta deles….
Mas são lindos, não são?



Que devemos pensar ou fazer quando aqueles que amamos e a quem chamamos Amigos nos fazem sentir e agem como se nós fossemos intelectual e afectivamente menores, imaturos, incapazes? Em princípio querem proteger-nos, quiçá de nós próprios, evitarem-nos as dores…mas… será isso correcto?
Que consequências práticas (pois as afectivas são desvastadoras!) tem essa atitude nas relações?
Há aquele ditado que diz “olhos que não vêm coração que não sente”! Mas não especifica nada relativamente àquilo que inadvertidamente ouvimos … e na realidade muitas vezes sentimos o que não vemos…
Eu, abomino sentir-me a mais… indesejada no seio dos que amo…
Que fazer?
Tenho muito que pensar por estes lados… inclusivamente sobre o que são e quem são afinal aqueles a quem chamo amigos...
Angustia para os próximos tempos, serve-se neste blog, com ou sem caldo de castanhas… neste local da nossa fantástica toponímia!...

10 junho 2005

Regresso...


CD de 1994

Esta música diz-me muito... leva-me de volta a casa... vou...

" A Fonte do Salgueirinho

Ai minha mãe mandou-me à fonte

à fonte do salgueirinho

ai mandou-me lavar a cântara

com a flor do Romeirinho

Ai eu lavei-a com areia

e quebrei-lhe um bocadinho

ai anda cá perra traidora

onde tinhas o sentido

Ai não o tinhas tu na roca

nem tou pouco no serilho

ai tinhas-o naquele mancebo

que anda de amores contigo

Ai o minha mãe não me bata

com bara de marmeleiro

ai que estou muito doentinha

mande chamar o barbeiro

Ai o barbeiro já lá vem

com uma lanceta na mão

ai para sangrar a menina

na veia do coração."

08 junho 2005

Caracol


O calor convida-me a ser assim...

O excesso de trabalho faz-me sentir que por rápido que ande o ritmo é o dele ...

O desejo de férias lembra-me deles e de oregãos...

06 junho 2005

Chadoudoux

Pesquizando à volta do tema da Inteligência Emocional, encontrei esta História...para reflectir...
«Num país distante, as pessoas vivem felizes. Usam, preso à cintura, um saco de bolinhas aveludadas chamadas chaudoudoux, porque são quentes e macias. Cada vez que uma pessoa quer um chaudoudoux, pede-o. O outro mete a mão no saco e dá-lho. Metáforas dos sinais de atenção que trocamos e que nos enchem de bem-estar, os chadoudoux são inesgotáveis. Tudo isto não agrada à feiticeira má que assim não consegue vender as suas pílulas nem os seus filtros! Ela decide provocar a sua penúria sussurrando ao ouvido de um aldeão a ideia de que os chaudoudoux podem vir a faltar. “ Se a tua mulher dá os seus chaudoudoux a qualquer pessoa, já não haverá mais para ti. “ Ciúme, dúvida, suspeição instalam-se. O marido começa a vigiar a mulher, que controla os filhos... Rapidamente, toda a terra é atingida. As pessoas hesitam em trocar os chaudoudoux. Na sua falta, ficam cada vez mais tristes e rabugentas, adoecem, desanimam e morrem. A feiticeira vende os seus filtros com afinco, mas nada feito. Como ela não quer perder toda a clientela a favor do cemitério, inventa um processo. Oferece aos aldeãos sacos frio-picante. São bolas pequeninas que se parecem vagamente com os chaudoudoux, mas quando as recebem sentem-se frios e com dores. As pessoas começam a trocar entre si os frios – picantes... Já não morrem, mas consomem com abundância as pílulas e os filtros da feiticeira. (...) Aparece Julie Doudou. É uma mulher calorosa e bela que sabe falar às crianças e que nunca ouviu falar da penúria dos chaudoudoux. Dá-os prodigamente a todos sob o olhar dos aldeãos estupefactos. Sorri muito, as pessoas sentem-se bem com ela, dá mimos às crianças, que a adoram. E recomeçam a trocar chaudoudoux sem motivo e sem esforço, por prazer. Ao verem isto, os adultos desconfiados começam e fazer regras e leis para regulamentar as trocas dos chaudoudoux..
(...) Qual será o futuro?»

in A Inteligência do Coração. Rudimentos de Gramática Emocional. FILLIOZAT, Isabelle. (1997) Ed. Pergaminho. Lisboa.

04 junho 2005

Espelho?

"As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor."
Carlos Drummond de Andrade


01 junho 2005

Carta ao Primeiro Ministro


Foto Oficial do Portal do PS

Uma amiga mandou-me este e-mail (desconheço o autor):


“Caro Sr. Primeiro-Ministro.

Venho por meio desta comunicação manifestar o meu total apoio ao seu esforço de modernização do nosso país. Como cidadão comum, não tenho muito mais a oferecer além do meu trabalho, mas já que o tema da moda é a Reforma Tributária, percebi que posso definitivamente contribuir mais.
Vou explicar: Na actual legislação, pago na fonte 31% do meu salário (20 para o IRS e 11 para a Segurança Social). Como pode ver, sou um cidadão afortunado. Cada vez que eu, no supermercado, gasto o que o meu patrão me pagou, o Estado, e muito bem, fica com 19% para si (31+19%) – brevemente 21%.

Sou obrigado a concordar que é pouco dinheiro para o governo fazer tudo aquilo que promete ao cidadão em tempo de campanha eleitoral.
Mas o meu patrão é obrigado a dar ao Estado, e muito bem, mais 23,75% daquilo que me paga para a Segurança Social. E ainda 33% para o IRC.
Além disso quando compro um carro, uma casa, herdo um quadro, registo os meus negócios ou peço uma certidão, o Estado, e muito bem, fica com quase metade das verbas envolvidas no caso.
A minha sugestão, é invertermos os percentuais. A partir do próximo mês autorizo o Governo a ficar com 100% do meu salário.
Funcionaria assim:

Eu fico com 6,75% limpinhos, sem qualquer ónus mas o Governo fica com as contas de:
- Despesas Escolares,
- Seguro de Saúde,
- Despesas com médicos,
- Medicamentos,
- Materiais escolares,
- Condomínio,
- Água, - Luz, - Telefone,
- Telemóvel

– Energia,
- Supermercado,
- Gasolina,
- Vestuário,
- Lazer,
- Portagens,
- Cultura,
- Contribuição Autárquica, - IVA - IRS, - IRC, - Imposto de Circulação
- Segurança Social,
- Seguro do carro, - Inspecção Periódica,
- Taxas do Lixo, reciclagem, esgotos e saneamento
- Veterinário e alimentação de animais domésticos
- E todas as outras taxas que nos impinge todos os dias.

- Previdência privada e qualquer taxa extra que por ventura seja repentinamente criada por qualquer dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Um abraço Sr. Primeiro-Ministro e muito boa sorte, do fundo do meu coração!
Ass: Um trabalhador que já não mais sabe o que fazer para conseguir sobreviver com dignidade.
PS: Podemos até negociar a percentagem!!!"

Balada da Neve

Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.

É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
– Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...

Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança...

E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...

Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...

E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
– e cai no meu coração.

Augusto César Ferreira Gil (1873-1929)

No dia que hoje se comemora (mau sinal!) veio-me á lembrança a minha infância... Este poema fazia parte do meu livro escolar.... e nesse altura (hoje de novo) muito se falava em pobres, em Deus...